Pedro narrando
- Fala aí cara! – Eu disse chegando à faculdade e meu amigo (Elano) na porta da mesma com as mãos cheias de papéis.
- E aí cara! – Disse Elano olhando para mim animado. – Vai na festa hoje ne? – Ele disse sorrindo ao entregar um dos papéis para uma garota loira.
- Festa? – Eu disse surpreso. – Que festa? – Festa? Festa? Eu não estava sabendo de festa nenhuma.
- A festa dos veteranos! – Ele me explicando enquanto entregava papéis para um grupo de garotas.
- Veteranos? – Eu disse o olhando confuso. – Veteranos na faculdade? Cara, você pirou! – Eu disse andando em direção à porta de entrada do prédio de medicina.
- Não cara, é a festa das turmas que vão formar agora em julho, eles são considerados veteranos. – Ele disse parando na minha frente, agora com menos papel que antes. – Cara, você não vai me deixar na mão, ne? – Ele disse me olhando apreensivo.
- Você sabe que não vou perder essa farra, ne cara?
- E sem falar nas gatas ne? – Ele disse olhando para uma menina que ele acabara de entregar um folheto.
- É cara, essa é a melhor parte da festa!
- Fala não cara!
- Agora vamos para a aula, na parte da tarde a gente combina.
A aula foi a mesma coisa de sempre, os mesmos professores chatos e idosos que adoram nos dar uma tirada.
Quando a aula terminou, desci para a lanchonete e encontrei o Elano sentado em uma mesa, com uma pilha de papel ao seu lado.
- Cara, que aula chata! Eu estou ansioso de mais pela festa.
- Não achei a aula chata, só achei enjoativa por causa dos professores, mas no resto achei a aula boa! – Eu disse olhando para a mesa ao lado que estava ocupada por um grupo de caras combinando uma partida de futebol.
- Vamos comer alguma coisa cara? Estou na broca! – Ele disse passando a mão na barriga.
- Somos dois mano! – Eu disse pegando minha carteira e me levantando da cadeira para comprar alguma coisa para comer. Quando cheguei ao balcão, olhei o que tinha e fiz meu pedido...
- Eu quero duas empadas de frango com palmito, uma mini pizza e uma coca de quinhentos ml.
- Só isso? – A moça disse abrindo um sorriso e me olhando.
- Sim, quanto dá? – Eu disse abrindo minha carteira.
- Tudo dá Cinco e cinquenta! – Ela disse somando na calculadora e me olhando em seguida. Paguei com uma nota de dez reais. Logo, ela me voltou quatro e cinquenta, voltei para a mesa e comecei a comer. Não demorou, e o Elano chegou com três mini pizzas e uma coxinha, e para beber uma Pepsi.
Comemos em silêncio, na maioria do tempo o Elano olhava para a mesa em que cinco garotas conversavam e riam na maioria das vezes.
Terminamos nosso lanche e saímos da lanchonete.
- Vamos bater uma bolinha antes do treino de boxe?
- Vamos, que horas? – Eu disse parado ao lado do meu Porsche preto.
- Uma e meia, pode ser? – Ele disse indo para sua estrada prata que estava parado atrás do meu.
- Ok. Até mais. – Eu disse entrando no meu carro.
Enquanto voltava para casa, passei em frente a praia e percebi que as ondas estavam ótimas.
Cheguei em casa e não encontrei ninguém, apenas um bilhete da minha mãe:
- “Filho, eu e seu pai viajamos para Paris, não temos data para voltar, todos os fins de semana depositaremos sua mesada em sua conta. A Jussara não vai para casa todos os dias, ela irá somente três vezes na semana. Juízo! Beijos, mamãe.” – Eu li o bilhete que estava em cima da mesa de centro.
Ao terminar de ler, coloquei o bilhete no lugar em que estava e fui para a cozinha, encontrei um prato de comida no micro-ondas, mas preferi um sanduíche com suco de laranja, bem gelado. Quando terminei de comer, peguei minha prancha de surf, coloquei no carro e fui para a praia.
Quando cheguei à praia, tirei minha camisa, joguei dentro do carro, peguei minha prancha, acionei o alarme e corri para a areia, quando eu estava chegando perto do mar, uma garota linda, loira, literalmente ela era um avião, saia do mar com uma prancha debaixo do braço.
- As ondas estão ótimas hoje ein? – Ela disse enquanto corria para fora da água e sorria.
Eu apenas sorri e continuei meu caminho até a água. Fiquei surfando por uns bons e divertidos vinte minutos. Quando saí, lá estava a menina que havia conversado comigo mais cedo, sentada escutando música, tomei a liberdade de me sentar ao lado dela.
Quando me sentei ao lado dela, ela retirou o fone de ouvido e me olhou sorrindo.
- É, as ondas estavam boas mesmo! – Eu disse olhando para o mar e depois para ela.
- Prazer, sou Catarina, mais pode me chamar de Cat.
- Cat! – Eu disse sem olhá-la. – E sou Pedro! E a propósito, o prazer é todo meu.
- Você surfa há muito tempo?
- Surfo, desde os quinze anos!- Eu disse fitando o mar. – E você?
- Surfo desde os dezessete!
- O que você faz, além de surfar é claro!
- Eu faço cursinho para direito! E você faz o quê?
- Surfo, jogo futebol, faço boxe e faculdade de medicina.
- Vou entrar na facul esse ano, consegui passar no vestibular, agora estou na reta final do cursinho.
- Você vai na festa hoje à noite?
- A festa dos veteranos?
- É, só que na verdade é a festa dos formandos, não dos veteranos!
- A tá, mais não sei se vou poder ir, porque minha mãe está precisando da minha ajuda para arrumar a casa.
- Você não tem empregada? – Eu a olhei surpreso.
- Não, porque? Você tem? – Ela disse rindo.
- Tenho! – Eu disse sério.
- Sério que você tem empregada? – Ela disse parando de rir quando percebeu que eu falava sério.
- É sério!
- Tá ne?! Mais, eu tenho que ir agora, tenho que fazer um exercício do cursinho, estudar e arrumar casa, porque eu não tenho uma empregada. – Ela disse se levantando e pegando sua prancha.
- Você tem carro? – Eu disse me levantando rapidamente.
- Não, eu vou a pé!
- Eu te levo, não vou deixar você ir a pé, e eu também vou embora agora, tenho um jogo daqui a pouco. – Peguei minha prancha e a olhei sorrindo.
- Olha, não precisa, e outra nós acabamos de nos conhecer. – Ela disse desconfiada.
- A qual é Cat, eu não sou estuprador, nem nada do gênero, só quero te ajudar! – Eu disse magoado por ela não aceitar minha carona.
- Eu sei que você não é um estuprador ne Pedro? Mas é que fica meio estranho, acabamos de nos conhecer e chegar em casa com um “estranho” é meio ‘estranho’.
- Como assim, estranho Cat? Você me conhece, sabe quem eu sou.
- Sim, EU te conheço, meus pai não. – Ela disse dando ênfase no EU. – Deixa pra outro dia.
- Tudo bem. – Eu disse cabisbaixo.
- Tchau! Foi um prazer conhecer você! – Ela disse me dando um tchauzinho acanhado.
- Tchau! Igualmente! – Eu disse a olhando se afastar.
Quando ela foi embora, percebi que havia algo diferente acontecendo, eu nunca havia oferecido carona para uma garota, nunca havia ficado magoado por uma garota não aceitar minha companhia.
Eu precisava ir para casa, eu estava realmente mal. Peguei minha prancha e corri para o carro, quando entrei no mesmo, olhei para o lado e vi Cat conversando com uma menina morena, também muito bonita. Abri um sorriso, liguei o carro e fui embora.
Assim que entrei em casa, corri para o banheiro, tomei um banho e me arrumei para o futebol, coloquei meu calção vermelho, fiz meu topete, calcei meu meião branco, coloquei a blusa do time (que era branca), peguei minha chuteira, calcei um tênis da nike e fui para o campo, ao chegar no campo encontrei o Elano alongando.
- Fala aí cara!
- E aí Elano, na boa?
- Tudo em paz! Mas contigo, nada feito ne?
- Estou ótimo! – Eu disse começando a calçar minha chuteira.
- Cara, não parece! Fala aí, o que te aflinge? – Ele disse rindo.
- Não é nada, coisa minha, cadê o resto do time?
- Estão chegando.
Ficamos ali por mais alguns minutos, quando o time todo chegou, todos alongaram e o jogo começou. Não consegui jogar muito bem, minha cabeça estava na Cat, não era possível que eu estava me apaixonando.
Quando o jogo terminou, corri para o boxe, não queria ouvir sermão do time. Fiz a aula de boxe “pros cocos”, igual eu joguei futebol. Quando o boxe terminou, o Elano veio me dar sermão, tudo que eu não precisava naquele momento era de sermão, eu só queria meu quarto, minha cama, meus livros...
- Pedro? O que está acontecendo? Você não joga e muito menos luta assim!
- Elano, não é nada, falou? Eu só não estou em um dia bom hoje.
- Ok, mais você vai na festa hoje ne?
- Não sei, acho que vou locar um filme e ficar em casa, talvez seja melhor.
- Já sei o que você tem, depressão! Você está depressivo, procura um médico, na boa, você nunca faltou à uma festa.
- Olha, eu já disse que só não estou em um dia bom hoje.
- E eu não fiz psicologia, mas sei que você está em depressão.
- Elano, coloca de uma vez na sua cabeça, EU SÓ ESTOU COM UM DIA RUIM. Agora deixa eu ir que estou com fome e quero um banho. – Eu fui para o meu carro e fui para casa. Ao chegar, corri para o banheiro, tomei um banho rápido e desci para a cozinha. Procurei algo para comer, encontrei alguns biscoitos, peguei o pote, um copo de achocolatado e fui para a frente da televisão. Fiquei ali por um tempo, não muito longo. Levei tudo para a cozinha e subi para o me quarto, assim que entro no mesmo, meu celular começou a tocar:
---- Início da ligação ----
- Fazendo o quê Pedro?
- Indo dormir. Porque?
- Você não vai dormir não, se arruma e venha para a festa que está bombando. Cheia de gatas.
- Não vou não Elano. Divirta-se ai!
- Pedro, você tem quinze minutos para chegar à esta festa.
---- Fim da ligação ----